Quando nos encontramos naquela cidade portuária úmida, chuvosa, iluminada e estranha
eu estava tomando as primeiras golfadas de ar
após um longo período de tempo acorrentada no fundo do oceano
Respirei… respirei aliviada e absorta pelo mundo novo que descobri
acima das profundezas sufocantes em que sempre vivi
Tu estava lá à deriva – ou nem tanto – me espreitando
Algo no jeito como eu nadava chamou tua atenção
E nadamos juntos por dias que se estendiam sem dormir, sem nos separar, sempre juntos.
Então tu nadaste para longe. Fechei os olhos e tu desaparecera
Ainda não sei o que aconteceu, apenas que eu estava dando braçadas sozinha novamente
Porém achei que tu havias me ensinado a nadar, e, sem ti, eu iria me afogar
Tola… eu me ensinei a nadar.
Somente eu posso me salvar do fundo que me puxa. Tu só estavas ali por acaso
pela correnteza enigmática do Universo que te levaste até mim.