não fazíamos amor na cama.
nosso amor era feito diariamente, construído com sorrisos, diálogos e momentos a sós.
eu conseguia enxergar nela sua pura essência
a sua mudança gradual era difícil de acompanhar
meu ser frugal via-se constantemente cansado em tentar acompanhá-la
me parecia tão natural… mas ela insistia que não.
alegava que passava tantas noites sem dormir achando estar ficando louca.
se eu quisesse sua companhia ao meu lado, deveria buscar ou, ao menos, tentar compreender aquela eterna mutação que era Nadja.
não fazíamos amor.
fazíamos arte.
e eu me sentia o mais habilidoso artista
esculpindo expressões de prazer pela tua face
não fazíamos amor.
fazíamos preces
e eu me sentia o mais abençoado dos homens
ajoelhado diante da tua presença
fazendo-te gemer de maneira angelical
murmurando o nome de um deus que tu sequer acredita
enquanto eu me regozijava em ter finalmente
encontrado o paraíso pulsando em ti