Eu não sei se é o peso das vidas que não estou vivendo ou o cansaço de tentar achar o universo dentro de mim. Pode até ser o fato de que eu guardo seu caixão na gaveta. Mas tudo bem: os demônios levam embora o que eu não tenho coragem de deixar ir. E mesmo sabendo que os pecados me trazem um falso conforto, isso já basta. Na verdade, qualquer superficialidade sempre me bastou. Sou tão facilmente preenchida que chega a ser ridículo. Minha falta de escrúpulos e de amor próprio andam de mãos atadas, enquanto meus pés parecem ter sido cortados, pois a falta de noção sobre o que fazer não me deixa caminhar. Talvez seja essa tendência de achar que estamos perdidos demais para sermos achados. Ou pode ser a esperança de ser salva, mesmo sabendo que ninguém, a não ser eu mesma, pode fazer isso.